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A bisavó, o santo confundido e o culto evangélico


A bisavó, o santo confundido e o culto evangélico

Mulher reza diariamente para boneco de 'Senhor dos Anéis' por engano.

As redes sociais e os jornais digitais espalham a notícia de uma senhora que rezava para um personagem do filme O Senhor dos Anéis achando que este era Santo Antônio, o elfo Elrond. Ela era fiel em suas orações continuamente prestando seu culto ao seu santo, mas não sabia à quem orava. Seu coração esperava prostrar-se diante da imagem de seu deus mas pelo visto, seu deus lhe era desconhecido.

Esta manchete me remeteu imediatamente as palavras registradas por Lucas no livro de Atos:

“Porque, passando eu e observando os objetos do vosso culto, encontrei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós honrais sem o conhecer, é o que vos anuncio.” (Atos 17.23)

Este texto em sua época tratava-se do relato da passagem de Paulo pela famosa cidade grega, Atenas. Atenas era o centro do pensamento grego, cidade de muita produção cultural, assim como, produção religiosa. Ali, Paulo encontra inúmeros altares erguidos aos deuses da mitologia grega, mas também um altar curioso, o altar à um deus desconhecido.

Não pretendo contar a história aqui deste altar, que por sinal é abordada de modo espetacular no livro O Fator Melquisedeque. Minha pretensão é fazer duas perguntas: Cultuamos a quem conhecemos? Cultuamos ao Deus que imaginamos cultuar?
Cultuamos a quem conhecemos?

Vejo por aí uma geração cada vez maior de evangélicos não-praticantes ou nominais, gente que se torna evangélico por frequentar 2 horas de campanha para enriquecer-se, quitar uma dívida ou ficar milagrosamente liberto do cigarro. Uma geração descomprometida com a conversão genuína, com as ordenanças do Batismo e da Ceia do Senhor. Não busca uma vida santificada pelo Espírito. Não busca ser melhor dia-a-dia e dar um bom testemunho da prática da fé em seu cotidiano.

Não quer ler a Bíblia e quando lê, não sabe porque está lendo e nem o que está lendo. Sua oração é exatamente o contrário do que Jesus ensina em Mateus 6. Não quer viver a comunhão da “igreja”, vive uma fé formal e individualista. Quer um culto emocional, mas dorme no culto racional. Quer cantar sabor de mel, mas não quer cantar a Bíblia.

Fico pensando… E se o apóstolo Paulo entrasse em algumas de nossas igrejas locais hoje? Não encontraria o mesmo que encontrou em Atenas? Um grande e luxuoso culto prestado a um deus desconhecido?

João registra a voz do nosso Mestre criticando o mesmo sobre os religiosos de seu tempo:

“Jesus, pois, levantou a voz no templo e ensinava, dizendo: Sim, vós me conheceis, e sabeis donde sou; contudo eu não vim de mim mesmo, mas aquele que me enviou é verdadeiro, o qual vós não conheceis.“ (João 7.28)

No relato de João neste capítulo, Jesus deu um grande testemunho de si. Os mestres judeus conheciam a origem natural de Jesus, mas desconheciam sua origem sobrenatural. Sabiam que ele era Nazareno, sabiam que era filho de Maria e filho de José, o Carpinteiro. Sentaram no templo com ele quando era pequeno, de onde mais poderia ter vindo? Jesus explica que sim, ele tem uma origem natural, mas foi “enviado” por alguém verdadeiro.

Alguém que lhes era DESCONHECIDO. Se o conhecessem, saberiam reconhecer que Jesus também estava sendo verdadeiro.  E aí, infelizmente estão muitos de nós.
Cultuamos ao Deus que imaginamos cultuar?

Por outro lado, Se não sabemos ou não conhecemos ao Deus a quem cultuamos, como podemos ter certeza de que estamos cultuando realmente ao Criador e Único Deus, ao Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, ao Pai do Nosso Senhor Jesus Cristo, ao Deus revelado na Bíblia? Cometemos o mesmo erro que a querida bisavó devota de São Elrond.

Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos; porque a salvação vem dos judeus. (João 4.22)

Você deve se lembrar do diálogo de Jesus com a Mulher Samaritana. Ele aponta uma adoração diferente da verdadeira adoração. A adoração sem fundamento, pois não adora pela salvação que recebe, mas adora com a formalidade gélida e sem significado. A adoração ensinada por Jesus a mulher samaritana, é uma atividade espiritual e racional. Ela envolve espírito e verdade. Não se trata de um emocionalismo barato. Mas de nossas emoções tocadas pela consciência da obra de Cristo por nós, experimentada pelo Espírito Santo de Deus.

Precisamos avaliar se o culto que temos prestado é um culto realmente dirigido para o Deus da Bíblia. Pois cometemos o mesmo equívoco de não estar realmente adorando a Deus mesmo quando temos a pretensão de adorá-lo. O verdadeiro culto a Deus não é egocêntrico (homem é o centro). Ele é teocêntrico (Deus é o centro), cristocêntrico (Cristo é o centro).

Esta notícia nos leva a parar um puco e refletir sobre nosso próprio culto. Nossa devoção particular a Deus. Refletir profundamente sobre a quem estamos orando, a quem estamos servindo, sobre quem estamos ouvindo, para quem estamos cantando. Se fizermos isso com sinceridade podemos acabar concluindo que o Deus a quem cultuamos não é exatamente o Deus a quem esperávamos cultuar. E na maioria das vezes, iremos nos deparar com um culto realizado a nós mesmos e não a Deus. Cheio de emocionalismos, puras expectativas materialistas e sem qualquer reflexo na vida prática.

Conhecemos a quem cultuamos? Cultuamos ao Deus certo? Se não soubermos responder isso, sem dúvida podemos estar cometendo o mesmo erro que a bisavó devota a São Elrond.

A boa notícia é que a solução para evitar esse tropeço já foi proposta pelo profeta Oséias:

“Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor; […]” (Oséias 6.3)

E como conhecer o Senhor? Bem, Jesus já respondeu isso também:

“Respondeu-lhe Jesus: Há tanto tempo que estou convosco, e ainda não me conheces, Felipe? Quem me viu a mim, viu o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?” (João 14.9)

Que o Senhor nos ajude a O conhecermos verdadeiramente e oferecer-lhe um culto que O agrade por meio do Seu Espírito.

por Leonardo Felicissimo

*As opiniões expressas nos textos publicados são de exclusiva responsabilidade dos respectivos autores e não refletem, necessariamente, a opinião do site Jesus Aqui.




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